Acho que desde que me entendo como um ser de fato pensante,
eu tentei me esquivar de ser uma pessoa muito obvia, embora, por ironia, eu
tenha passado a vida inteira sendo um completo clichê.
Lembro de ser conhecida como “a adolescente rebelde”, porém de rebelde eu não tinha nada, exceto
pelo meu visual que ia contra os “padrões” da época. Mas sempre fui muito sentimental, aquele
clássico personagem que desperta medo, mas quando você conhece quebra todos
seus conceitos. Sim, eu sei o que você
tá pensando, “ essa garota é um completo clichê”, tudo bem você pensar isso, eu
realmente sou.
Sempre fui uma pessoa com aspirações grandes, sonhava em ser diferente das garotas que eu via ao meu redor, não só nos gostos, como no modo de pensar, mas o que eu não sabia é que eu não tinha nada de diferente, existiam milhares de pessoas pelo resto do mundo sonhando em ser exatamente a mesma coisa: “Diferente”.
No fim, ninguém quer ser igual a ninguém, mas acabamos por transparecer os mesmos padrões, e advinha? No final das contas, realmente não somos nada iguais a ninguém. Eu sei, é contraditório, a gente é igual e ao mesmo tempo diferente, eu não sei explicar isso, assim como não sei explicar um milhão de outras coisas. E o meu problema talvez seja querer explicar isso, e querer explicar essas outras mil coisas também. E sabe oque me frustra? Eu não posso! Eu não posso explicar nada, por mais que eu passe mil dias cuspindo um milhão de pensamentos e conceitos, tudo vai vir de forma meio bagunçada e contraditória, porque existem coisas que não dão pra ser explicadas, elas simplesmente existem, Ali, com seus mistérios e questionamentos.
Bom, não vou fazer rodeios em quem eu era (embora essa
pessoa tenha total importância em quem me tornei) eu vim aqui pra por pra fora
sobre a Magna de hoje, do agora...
Acho que cheguei num ponto da vida em que não posso dizer
que seja o fim do poço, mas talvez eu esteja vendo esse fundo próximo de
mim. Não sei se você já se sentiu assim
em algum momento da vida, talvez sim, talvez ainda vá sentir. A verdade é que eu to completamente
perdida, eu tava seguindo o curso da
vida e em algum momento parei na estrada e não sabia mais pra onde ir, ou
melhor dizendo... eu não sei se quero continuar seguindo pelo caminho que trilhei.
Existem mil pensamentos me bombardeando nesse exato momento e eu não sei qual
voz ouvir, porque no fim das contas, todas essas vozes gritando na minha cabeça
são todas minhas. Quando dizem que somos
um só, é pura mentira, a verdade é que existem milhares de nós mesmos alojados
em algum lugar na nossa alma, e as decisões que tomamos e os caminhos que
seguimos, são só resultados de quem (de nós mesmos) escolhemos ouvir. É complexo, eu sei. E não vá esperando que
nas minhas palavras você vá achar algo com nexo, porque em mim não existe nada
que seja de fácil compreensão.
Eu quero gritar,
gritar alto, chorar, correr e encontrar algo que preencha esse vazio que
há em mim. Encontrar algo que dê sentido as minhas melancolias, que me faça
encontrar um sentido nisso tudo. Eu realmente não sei, não sei mais o que me
motiva a viver. É como se algo em mim estivesse completamente morto, em carne
viva. Acho que é essa a frase: Estou em
carne viva.
Sabe quando você consegue ver o sangue bombeando, as veias e a carne
completamente exposta? E parece que aquilo tá vivo e morto ao mesmo tempo? Pois é. Sou eu!
A verdade é que eu não consigo, eu simplesmente não consigo
me contentar com o pouco e banal, pra
mim tudo tem que ser vivido com uma intensidade absurda, com paixão e devoção.
E antes que você pense que estou me reclamando, a verdade é que eu senti falta
de me sentir assim, eu queria me sentir assim! Me sentir em carne viva, como se
meu corpo inteiro estivesse em brasa, e a dor causa esse efeito em mim. Pode
parecer meio loucura da minha parte, mas a dor sempre foi algo que me motivou a
viver, ela faz com que eu sinta que estou viva. Ela faz com que eu SINTA. A dor faz com que meu corpo reaja, que procure
uma solução pra mata-la.
Eu me sinto muito mais perdida quando não consigo
sentir, quando a angustia adormece meu corpo e minha alma, quando a dor se
esvai e fica um vácuo ensurdecedor. Você
já se sentiu assim? Como se seu corpo estivesse dormente, como se uma capsula
tivesse se criado em volta de você mesmo e nada consegue te atingir? É horrível
se sentir assim! Eu sinto como se
tivesse perdido a sensibilidade, e o que somos nós, sem nossa estimada
sensibilidade?
Sem a sensibilidade não
conseguimos absorver o mais bonito das coisas, tudo passa em branco. É amedrontador.
Passei muito tempo desses últimos anos me sentido assim, e
eu me acomodei. Me sentia protegida, era como se nada pudesse me atingir, e
realmente nada podia, nem mesmo as coisas mais delicadas e bonitas da
vida. Acho que senti tanto medo de me
magoar, que me fechei dentro de mim mesma e impedi não só que a magoa viesse,
mas também reprimi o melhor que havia em mim, que era minha capacidade de
sentir. A capacidade de me sensibilizar
com um poema, de chorar dias, de me desmanchar nas palavras. A capacidade de meu corpo se enrijecer com um
simples olhar. Ou de enxergar um
universo inteiro através de uma musica.
Quando você se perde dentro de você mesmo, é
pior do que se perder em qualquer outro lugar do mundo. Ainda to perdida, to perdinda dentro dos meus
próprios pensamentos, perdida entre as muitas que há em mim, e nada que eu faça
nesse exato momento me mostra o caminho certo que devo seguir. Talvez eu deva continuar aqui, reencontrando
meus “eus” guardados, conhecendo o que as muitas de mim estão sentindo.. talvez
só assim eu consiga ouvir alguma delas.
Vai saber.