Já se passou algum tempo desde a última vez.. de lá pra cá muita coisa mudou, meus pés estão cada dia mais calejados, minha maquiagem borrada e nas costas o peso da idade me cobra dia após dia que eu cresça, mas ninguém nunca me perguntou se eu queria crescer...
Ontem eu era uma criança querendo sentir o gosto que o mundo tem, com o espírito cheio de expectativas vulcânicas, a alma doentia por emoção e a intensidade exalando sob meus poros... eu ainda me sinto assim, essa sede por imensidão me cobra cada suspiro dos meus dias, e confesso, não tem sido fácil me conter, queria fechar os olhos e pedalar por estradas desconhecidas, sem olhar pra trás, sem me preocupar, sem me perguntar pra onde vou ou o que deixei pra trás, queria montar na garupa da bicicleta e viver, simplesmente viver, sem passado ou futuro, simplesmente sentindo a textura oufativa do presente, sentir o vento batendo sob meus cabelos e espalhando-se sob meus olhos, embaçar minha visão com a poeira das estradas e parar onde uma placa chamasse minha atenção, sentar em um bar qualquer, pedir um caneca de choop e derrama-lo garganta à baixo, o cara do meu lado se ofereceria para pagar mais uma caneca pra mim, beberíamos acompanhados de uma conversa que fluiria conforme as canecas fossem secando, o dono do bar me daria um sorriso e eu entenderia que ele já era um corpo amigo, depois de algumas horas as músicas do bar seriam uma playlist escolhida por mim, eu cantaria alguns versos, escreveria algumas estrofes e o resto, só vocês estando lá pra saberem.
A próxima parada, quem poderia dizer qual seria? Ninguém. A graça de viver por estalos espontâneos é que cada hora que se passa é um mundo desconhecido a desvendar, e a cada hora que se vive é uma pagina à menos a ser escrita, ou uma página a mais a ser lida. A gente é quem escolhe que livro queremos ser, aqueles que um qualquer usa pra pegar no sono, ou aqueles que tiram o sono de qualquer um.
Talvez minha vida não desse pra ser um best seller, pois a minha história não é contínua, eu vivo em quebrados, um pouco ali, um pouco aqui, cada dia uma diferente, pois a inconstância é meu maior apelido. O máximo que se faria de mim seria uma biografia, ou um livro de poemas miúdos, quem sabe, no máximo crônicas, cada página uma nova história de mim, pois metamorfose sou.