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07/08/2015

Quando tudo vem à tona

Acho que desde que me entendo como um ser de fato pensante, eu tentei me esquivar de ser uma pessoa muito obvia, embora, por ironia, eu tenha passado a vida inteira sendo um completo clichê.

Lembro de ser conhecida como “a adolescente rebelde”,  porém de rebelde eu não tinha nada, exceto pelo meu visual que ia contra os “padrões” da época.  Mas sempre fui muito sentimental, aquele clássico personagem que desperta medo, mas quando você conhece quebra todos seus conceitos.  Sim, eu sei o que você tá pensando, “ essa garota é um completo clichê”, tudo bem você pensar isso, eu realmente sou.

 Sempre fui uma pessoa com aspirações grandes, sonhava em ser diferente das garotas que eu via ao meu redor,  não só nos gostos, como no modo de pensar, mas o que eu não sabia é que eu não tinha nada de diferente, existiam milhares de pessoas pelo resto do mundo sonhando em ser exatamente a mesma coisa: “Diferente”.
 No fim,  ninguém quer ser igual a ninguém, mas acabamos por transparecer os mesmos padrões, e advinha? No final das contas, realmente não somos nada iguais a ninguém.  Eu sei, é contraditório, a gente é igual e ao mesmo tempo diferente, eu não sei explicar isso, assim como não sei explicar um milhão de outras coisas. E o meu problema talvez seja querer explicar isso, e querer explicar essas outras mil coisas também.  E sabe  oque me frustra? Eu não posso! Eu não posso explicar nada, por mais que eu passe mil dias cuspindo um milhão de pensamentos e conceitos, tudo vai vir de forma meio bagunçada e contraditória, porque existem coisas que não dão pra ser explicadas, elas simplesmente existem, Ali, com seus mistérios e questionamentos.

Bom, não vou fazer rodeios em quem eu era (embora essa pessoa tenha total importância em quem me tornei) eu vim aqui pra por pra fora sobre a Magna de hoje, do agora...

Acho que cheguei num ponto da vida em que não posso dizer que seja o fim do poço, mas talvez eu esteja vendo esse fundo próximo de mim.  Não sei se você já se sentiu assim em algum momento da vida, talvez sim, talvez ainda vá sentir.  A verdade é que eu to completamente perdida,  eu tava seguindo o curso da vida e em algum momento parei na estrada e não sabia mais pra onde ir, ou melhor dizendo... eu não sei se quero continuar seguindo pelo caminho que trilhei. Existem mil pensamentos me bombardeando nesse exato momento e eu não sei qual voz ouvir, porque no fim das contas, todas essas vozes gritando na minha cabeça são todas minhas.  Quando dizem que somos um só, é pura mentira, a verdade é que existem milhares de nós mesmos alojados em algum lugar na nossa alma, e as decisões que tomamos e os caminhos que seguimos, são só resultados de quem (de nós mesmos) escolhemos ouvir.  É complexo, eu sei. E não vá esperando que nas minhas palavras você vá achar algo com nexo, porque em mim não existe nada que seja de fácil compreensão.

Eu quero gritar,  gritar alto, chorar, correr e encontrar algo que preencha esse vazio que há em mim. Encontrar algo que dê sentido as minhas melancolias, que me faça encontrar um sentido nisso tudo. Eu realmente não sei, não sei mais o que me motiva a viver. É como se algo em mim estivesse completamente morto, em carne viva.  Acho que é essa a frase: Estou em carne viva.

Sabe quando você consegue ver o sangue bombeando, as veias e a carne completamente exposta? E parece que aquilo tá vivo e morto ao mesmo tempo? Pois é.  Sou eu!

A verdade é que eu não consigo, eu simplesmente não consigo me contentar com o pouco e banal,  pra mim tudo tem que ser vivido com uma intensidade absurda, com paixão e devoção. E antes que você pense que estou me reclamando, a verdade é que eu senti falta de me sentir assim, eu queria me sentir assim! Me sentir em carne viva, como se meu corpo inteiro estivesse em brasa, e a dor causa esse efeito em mim. Pode parecer meio loucura da minha parte, mas a dor sempre foi algo que me motivou a viver, ela faz com que eu sinta que estou viva. Ela faz com que eu SINTA.   A dor faz com que meu corpo reaja, que procure uma solução pra mata-la. 
Eu me sinto muito mais perdida quando não consigo sentir, quando a angustia adormece meu corpo e minha alma, quando a dor se esvai e fica um vácuo ensurdecedor.  Você já se sentiu assim? Como se seu corpo estivesse dormente, como se uma capsula tivesse se criado em volta de você mesmo e nada consegue te atingir? É horrível se sentir assim!  Eu sinto como se tivesse perdido a sensibilidade, e o que somos nós, sem nossa estimada sensibilidade?
Sem a sensibilidade não conseguimos absorver o mais bonito das coisas, tudo passa em branco. É amedrontador.

Passei muito tempo desses últimos anos me sentido assim, e eu me acomodei. Me sentia protegida, era como se nada pudesse me atingir, e realmente nada podia, nem mesmo as coisas mais delicadas e bonitas da vida.  Acho que senti tanto medo de me magoar, que me fechei dentro de mim mesma e impedi não só que a magoa viesse, mas também reprimi o melhor que havia em mim, que era minha capacidade de sentir.  A capacidade de me sensibilizar com um poema, de chorar dias, de me desmanchar nas palavras.  A capacidade de meu corpo se enrijecer com um simples olhar.  Ou de enxergar um universo inteiro através de uma musica.  

 Quando você se perde dentro de você mesmo, é pior do que se perder em qualquer outro lugar do mundo.  Ainda to perdida, to perdinda dentro dos meus próprios pensamentos, perdida entre as muitas que há em mim, e nada que eu faça nesse exato momento me mostra o caminho certo que devo seguir.  Talvez eu deva continuar aqui, reencontrando meus “eus” guardados, conhecendo o que as muitas de mim estão sentindo.. talvez só assim eu consiga ouvir alguma delas.  Vai saber.





02/03/2015

Perdas

Hoje eu senti uma saudade absurda de quando as palavras eram minhas, de quando eu podia molda-las aos meus sentimentos e desaguar tudo que me sufoca o peito. Eu sinto como se uma parte de mim tivesse se trancado e junto dela todo um dicionário de sentimentos e agonias.
É incrivel a capacidade que o ser humano tem de perder, a gente consegue perder o medo e as vezes junto dele também perdemos a fé. Ao longo da vida perdermos vôos, objetos, pessoas e inclusive empregos.. perdemos a lembrança do primeiro beijo, da primeira saudade, do primeiro amor. Perdemos contatos, olhares e perdemos até mesmo a oportunidade de dizer adeus. Mas de todas as perdas que o homem pode ter, a pior delas é quando ele perde-se de si mesmo, quando ele torna-se incapaz de reconhecer o corpo na frente do espelho.
Sempre achei que havia algum sentido na minha existencia, mas depois de tanto me perder, percebi que nunca estive de fato em lugar algum, pois nunca consegui sair de dentro da minha cabeça,
E é aqui onde me encontro agora, sufocada dentro de mim mesma, sufocada nas minhas lembranças, nas saudades, nos amores não vividos, nos sonhos inalcançados, nas pessoas que não pude dizer adeus, nas que disse adeus mesmo sem querer dizer... E de alguma forma, a única coisa que consigo pensar é que em meio a todas essas perdas, no fim das contas eu ganhei.  Ganhei a chance de poder viver tudo aquilo e principalmente tudo isso que estou pra viver.